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27 de Setembro de 2021

Tempestade de areia em Franca - A real causa desse fenômeno

Por Hindemburg Melão Jr

Hoje a Tamara me contou que a mãe dela havia relatado uma tempestade de poeira ocorrida em Franca, relativamente perto daqui, e me mostrou uma matéria a respeito, na qual a jornalista perguntou a uma meteorologista o que provocava esse fenômeno. A meteorologista deu uma "resposta" que não esclarecia o que havia sido perguntado. Então fui pesquisar na Wikipedia lusófona, mas também não havia uma explicação. Fui para versão anglófona, mas também não havia explicação satisfatória. Falava-se em umidade relativa do ar, o que não faz o menor sentido. Certamente há correlação entre a umidade relativa do ar e a frequência com que ocorrem esses fenômenos, mas não explica nada sobre o mecanismo subjacente.

Enquanto eu lia o artigo na Wikipedia, me ocorreu uma provável explicação, que descrevi à Tamara. Então ela leu um artigo que ela havia acabado de encontrar https://docplayer.com.br/150809097-Analise-de-estruturas-sedimentares-e-dunas-barcanas-em-simulacoes-computacionais.html que enrola bastante, mas também não explica nada, além de ser baseado numa simulação, cujos efeitos são produzidos conforme os parâmetros introduzidos, e não são necessariamente representativos da situação real, já que esses modelos são extremamente simplificados e omitem uma quantidade imensa de variáveis relevantes. E o ponto principal é que não havia uma explicação sobre como o fenômeno se formava, apenas enumerava alguns possíveis efeitos envolvidos no processo.

Isso me levou a concluir que aparentemente não se conhece a razão pela qual ocorre esse fenômeno, por isso me senti motivado a escrever esse artigo, explicando o que me parece ser a causa predominante:

Onde há terra úmida, a umidade mantém as partículas coesas, formando grandes blocos. Quando essa terra fica longos períodos exposta ao Sol, sem receber chuva, a umidade vai diminuindo e isso favorece um processo de erosão, esfarelando os blocos grandes em partículas progressivamente menores.

As partículas menores apresentam uma relação entre a área da superfície e a massa maior do que nas partículas maiores. Este é o detalhe crucial responsável pelo efeito e que nenhuma fonte menciona.

Uma grande rocha de granito, com cerca de 1 tonelada, tem mesma densidade que uma pequena lasquinha de granito de 0,1 g, porém a rocha não se move com o vento, porque a força exercida sobre ela pelo vento é proporcional à sua área, enquanto a resistência da rocha ao movimento é proporcional à sua massa. Por simplicidade, vamos supor que a rocha seja esférica, então sua área (portanto a força para movê-la) diminui com o quadrado de seu diâmetro, enquanto a massa (portanto sua inércia) diminui com o cubo de seu diâmetro. Desse modo, conforme o objeto diminui, sua resistência ao movimento diminui muito mais rapidamente do que a força necessária para movê-lo e para mantê-lo em suspensão. Como resultado, partículas pequenas são mais susceptíveis a serem movidas pelo vento e entrarem em suspensão devido à convecção.

Por isso, depois de longos períodos sem chuva, o número de partículas cada vez menores vai aumentando e, consequentemente, vai aumentando a probabilidade de que um eventual intenso fluxo de ar seja capaz de mobilizar grande número dessas partículas e provoque esse fenômeno.

(Q.E.D.)


Algumas fontes que relatam o evento:

https://oglobo.globo.com/brasil/tempestade-de-areia-atinge-cidades-do-interior-de-sao-paulo-veja-video-1-25213766

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/moradores-do-interior-de-sao-paulo-registram-tempestade-de-areia/

https://veja.abril.com.br/brasil/tempestade-de-areia-assusta-moradores-do-interior-de-sao-paulo/

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