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19 de dezembro de 2023

Natal sem hipocrisia

por Hindemburg Melão Jr.

Em anos anteriores, já comentei sobre a data correta do nascimento de Jesus e o grande número de estudos a respeito, com muitas interpretações diferentes, entre as quais 15 a 25 de março são datas plausíveis. Também já escrevi e sobre o ano correto do nascimento de Jesus, sobre o qual também não há consenso, mas geralmente se considera datas entre 4 a.C. e 8 a.C. Já comentei sobre o aniversário de Isaac Newton, que pelo calendário Juliano foi 25/12/1642, e sobre a Saturnália, antiga celebração pagã entre 17 e 25 de dezembro. Comentei sobre o deus egípcio Horus, filho da virgem Ísis, nascido em data discutível, mas alguns situam em 25 de dezembro. E juntamente com as análises históricas, enviei diferentes mensagens natalinas.

 

Geralmente as mensagens natalinas são cheias de otimismo, esperança e bem pouco realismo. Nós vivenciamos um momento triste com insurgência de novas guerras, além das que já estavam ocorrendo, e recém saímos de uma pandemia que ceifou milhões de vidas. Como se isso não bastasse, o Brasil está em segundo lugar no mundo em tráfico de cocaína, ficando somente atrás da Colômbia, não existe educação nem ciência no país, a corrupção generalizada vem destruindo tudo e todos, sem perspectivas de que melhore. O que deveria ser comemorado nessas circunstâncias?



Comemorar mortes, guerras, pandemias, ignorância e retrocesso é sintoma de doença mental ou moral ou ambas.

 

Não há razão para comemorar, mas sim para refletir e para agir.

 

Por isso nosso texto não traz uma mensagem hipócrita de esperança, mas sim um alerta, um convite à reflexão e à ação, para que assim futuramente possamos ter razões concretas e sensatas para ter esperança e otimismo, dependendo, é claro, de como pensarmos e agirmos diante ao cenário atual. Pois para que possamos ter esperança e otimismo racionalmente, antes é necessário construirmos uma situação esperançosa e otimista.

 

Por esses motivos, esse texto começa com uma homenagem a algumas pessoas nascidas ou falecidas no Natal, que contribuíram para o desenvolvimento de nossa civilização e para melhorar a qualidade de vida da humanidade, e ao longo dessa homenagem discutimos alguns dos problemas citados acima, e outros que colocam em risco nosso país e nosso planeta.

 

Falarei um pouco sobre a vida e a obra de uma pessoa que morreu em 25/12 e outra que nasceu em 26/12. Ambos desempenharam papeis importantes para modelar nossa civilização atual:

 

·         Linus Yale Jr.

·         Charles Babbage

 

YALE, O MESTRE DA SEGURANÇA E BENFEITOR DA EDUCAÇÃO

 

Linus Yale foi descendente do primeiro benfeitor da Universidade de Yale, Elihu Yale. Elihu foi contemporâneo de Newton, um filantropo que viveu na segunda metade do século XVII e início do XVIII, fez grande fortuna com o comércio de diamantes e fez generosas doações à Yale College, que hoje é uma das universidades mais importantes do mundo. Durante muitos anos as universidades de Harvard e Yale foram as duas melhores dos Estados Unidos, e continuam figurando entre as melhores do mundo.



Linus viveu quase 200 anos depois de Elihu, e deu importantes contribuições à Engenharia, especialmente à construção de fechaduras para cofres de bancos, muito difíceis de serem violadas.

 

Por que escolhi homenagear um construtor de fechaduras? Na verdade, não “escolhi”. O fato é que não encontrei muitos cientistas nascidos ou falecidos nessa data, e como Yale tem mesmo nome da célebre universidade, achei que seria uma escolha interessante.

 

Linus faleceu em 25/12/1868, com apenas 47anos, mas nesse curto intervalo deixou um legado valioso.

 

Suas fechaduras foram consideradas revolucionárias para a época e muitas de suas ideias continuam a ser utilizadas até hoje. A imagem abaixo mostra o sistema Vault Door, criado por ele e usado na porta do cofre Diebold de 24 ferrolhos do Winona National Bank.

 

 

À direita está a parte de trás da porta aberta. Esta porta pesa 20.400 kg e possui um sistema de quatro pontos para pressionar a porta em sua abertura, sendo capaz de exercer um terço de seu peso no fechamento, isto é, cerca de 70.000 N. O sucesso de suas fechaduras foi tão grande que o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos encomendou uma similar em 1857.

 

BABBAGE, O GÊNIO INCOMPREENDIDO

 

O aniversariante de 26/12, embora tenha vivido no século XIX, desempenha até hoje um papel central em nossas vidas, por ter criado um dos primeiros computadores mecânicos. Seu nome é Charles Babbage.

 

 

Babbage foi um gênio precoce, e logo que ingressou na universidade, ficou profundamente desapontado com os vários problemas no método de ensino, no ritmo de ensino, no conteúdo e nas prioridades.

 

Embora o ensino no Reino Unido naquela época fosse muito melhor do que no Brasil atualmente, ainda deixava muito a desejar.

 

Como resultado, Babbage decidiu abandonar a vida acadêmica e prosseguir estudando como autodidata, tornando-se um polímata que prestou contribuições à Matemática, à Economia, à Astronomia, à Filosofia, à Engenharia, à Física e principalmente à Ciência da Computação, com desdobramentos em todos os setores que utilizam computadores.

 

Babbage é geralmente lembrado por ter idealizado um computador mecânico, mas também deu contribuições importantíssimas para a Ética, para as Ciências Jurídicas e para a Filosofia do Direito, por meio de suas críticas à hipocrisia e à desonestidade dos membros da Royal Society e dos manipuladores das mídias.

 

Por dizer certas verdades “proibidas”, de forma muito franca e explícita, Babbage foi ostensivamente perseguido por acadêmicos, políticos e jornalistas, que o sabotaram de diferentes maneiras.

 

Babbage fez numerosas denúncias e críticas, com as quais conquistou muitos admiradores, mas também muitos detratores. As pessoas honestas, inteligentes e de bom caráter o admiravam por sua visão realista, profunda e meticulosa do que acontecia na politicagem predominante, bem como admiravam sua coragem de denunciar abertamente a toxidade que impregnava a atmosfera acadêmica. Enquanto as pessoas que faziam parte dos esquemas de corrupção o odiavam.

 

Ele era a favor de melhorar a qualidade da Educação, da Indústria, da produção científica, adotar melhores protocolos de pesquisa para evitar fraudes, incentivar o pensamento crítico, enquanto seus opositores defendiam a mediocridade e a idiotificação, que é basicamente a mesma situação que se observa no Brasil.

 

As máquinas idealizadas por Babbage foram covardemente sabotadas, resultando em mais de 100 anos de atraso no desenvolvimento da Ciência e da qualidade de vida da população.

 

A estrutura abaixo é uma construção “tardia” de um dos projetos de Babbage, idealizado em 1822, mas construído somente um século e meio depois:

 


A máquina de calcular (Diferencial) baseada em rodas dentadas permitiria que tabelas matemáticas – tão importantes na época para a navegação, a construção civil, a Astronomia, a Física e muitos outros campos – fossem calculadas de forma confiável e muito rapidamente.

 

Até então, os cálculos eram realizados por idiot savants como Dase, Shanks e outros humanos treinados como “calculistas”, que algumas vezes cometiam erros de graves consequências.

 

A máquina de Babbage não apenas reduzia tremendamente o risco de erros como também executa os cálculos muito mais rápido.

 

O próprio Babbage ainda aprimorou seu projeto inicial, criando também a “Máquina Analítica”, muito superior à primeira.

 

Ambas eram muito mais sofisticadas, mais completas e mais versáteis do que as máquinas de Pascal e Leibniz, podendo quase ser comparadas à máquina de Turing.

 

A máquina analítica de Babbage tinha características que lembram alguns conceitos fundamentais da Teoria da Computação, como a separação entre a máquina e o programa. Ela possuía uma unidade de controle, uma unidade aritmética, memória (o “moinho”) e entrada/saída. Além disso, Babbage projetou seu dispositivo para ser programável, permitindo que o usuário alterasse as instruções para realizar diferentes tarefas.

 

Pela foto acima, pode-se ter uma ideia da complexidade e sofisticação.

 

Foi somente por volta de 1936 que Alan Turing retomou as ideias de Babbage e, nos anos seguintes, construiu o primeiro computador. A essa altura, já se dispunha de novos recursos tecnológicos e matemáticos, inclusive a lógica digital de Claude Shannon de 1937, permitindo uma estrutura eletrônica em vez de mecânica, mas essencialmente era a mesma ideia de Babbage.

 

A invenção de Turing desempenhou um papel extremamente importante durante a segunda guerra mundial, porque embora os “Aliados” conseguissem interceptar as mensagens trocadas entre os integrantes do “Eixo”, essas mensagens eram criptografadas e a chave era modificada todo dia. O processo de desencriptar para descobrir a chave era muito complexo e demorado, por isso cada vez que conseguiam descriptografar uma mensagem, era tarde demais e as ações descritas na mensagem já haviam sido executadas.

 

Quando Turing construiu sua máquina, esse problema que os humanos levavam semanas ou meses para resolver passou a ser solucionado em poucas horas ou minutos, dando tempo de folga aos “Aliados” para se antecipar e se prevenir contra as ações dos nazistas, conferindo aos “Aliados” uma tremenda vantagem, como num jogo de Poker em que um dos jogadores conhece as cartas do oponente.

 

Desde que as máquinas de Turing foram criadas, os progressos foram exponenciais e tiveram efeitos imensuráveis sobre todos os setores da vida humana. Sob essa perspectiva, pode-se especular que se os computadores de Babbage tivessem sido construídos desde o início do século XIX, provavelmente hoje teríamos a cura para praticamente todas as doenças, viveríamos quanto tempo quiséssemos, faríamos turismo espacial, a carne de nossa dieta seria produzida em laboratório sem sofrimento animal e sem riscos de contaminação, a mortalidade infantil estaria perto de 0, entre muitos outros avanços extraordinários.

 

Porém muitos contemporâneos de Babbage não estavam muito preocupados com o progresso da humanidade, nem com a qualidade da vida das pessoas. Queriam apenas prejudicar as pessoas de quem não gostavam, pessoas que diziam verdades que eles não gostavam de ler nem de ouvir, e Babbage era uma dessas “personas non gratas” aos olhos da comunidade acadêmica. O termo “grata” nessa expressão nada tem a ver com “gratidão”, mas sim com “agradável”.

 

O proeminente astrônomo John Herschel – autor de um dos principais handbooks de Astronomia do século XIX e filho do descobridor de Urano William Herschel – foi amigo de Babbage e tentou defendê-lo em muitas ocasiões, mas o número de injuriadores e sabotadores medíocres era muito maior do que o de defensores ilustres, chegando ao mesmo resultado de sempre: a crucificação de Babbage e a exaltação de Barrabás.

 

O mesmo sucedeu a Galileu, que também foi perseguido pelos membros mais medíocres e mesquinhos da comunidade acadêmica, e ainda por cima tentaram incriminar a Igreja por essa perseguição, quando na verdade os membros do Clero foram os que adotaram um posicionamento mais racional, mais justo e menos emotivo, levando as questões para um debate aberto, como fizeram Clavius e Ingoli, enquanto os acadêmicos tentaram levar para o lado político e pessoal.

 

Galileu era um notável orador e debatedor, vencia com facilidade seus antagonistas em qualquer assunto. Alguns eruditos da época, os que tinham bom caráter, ao serem vencidos por ele num debate, tornavam-se seguidores e admiradores de Galileu e passavam a aprender com ele. Os de mau caráter ficavam com ódio dele, e por não terem capacidade nem coragem para um confronto aberto, passavam a fazer de tudo para prejudicá-lo.

 

Galileu foi trapaceado e aviltado das mais variadas formas, seus “colegas” das universidades de Pisa e de Pádua tentaram derrubá-lo e criar intrigas entre ele e seu amigo Maffeo Barberini (papa Urbano VIII). Fizeram isso inúmeras vezes, e usavam suas redes de contatos para ampliar o alcance e a intensidade do boicote. Depois de quase 20 anos de perseguições, finalmente conseguiram que Galileu fosse condenado.

 

O papa amenizou sua pena, que acabou sendo uma “prisão de luxo”. Assim, os inimigos de Galileu conseguiram sua vitória mesquinha, roubando dele algumas de suas obras mais importantes, que só foram reconhecidas décadas depois de sua morte.

 

Galileu não era santo, tinha temperamento combativo e agressivo contra seus inimigos, mas os enfrentava de forma limpa, transparente e de peito aberto, por isso nada justifica as covardias abomináveis de seus perseguidores para destruir um dos grandes gênios da história, não apenas o próprio Galileu, mas tentaram também censurar Copérnico, Rheticus, Foscarini, Scheiner etc.


É importante destacar que Copérnico era cônego e Foscarini era padre, ambos defendiam o Heliocentrismo. Havia religiosos que defendiam as mesmas ideias de Galileu e havia acadêmicos sem vínculo com a Igreja contrários a Galileu. Era uma questão muito mais de vaidade pessoal de alguns acadêmicos que não gostavam de Galileu e queriam destruí-lo do que algum conflito entre Ciência e Religião.

 

No Boxe, quando um lutador vence seu oponente, aquele que perde reverencia o vencedor e o aplaude; perde a luta, mas preserva sua honra, age como homem, com dignidade. Porém em certas atividades, as pessoas que perdem em disputas dialéticas ou de qualquer outro tipo, em vez de preservarem sua honra e reconhecer a derrota, tentam a todo custo prejudicar o vencedor, esfaqueá-lo pelas costas, envenená-lo, puxar seu tapete. Esse tipo de covardia execrável tem sido extremamente comum ao longo da história, e continua sendo assim até hoje, nos meios acadêmicos, literários, científicos e principalmente na divulgação científica.

 

Houve e continua havendo muitos exemplos assim, mas Galileu é talvez o caso mais famoso, e as versões “oficiais” sobre Galileu estão entre as mais distorcidas. Alguns tentam transformar a Igreja numa vilã e Galileu num mártir. Outras tentam inverter esses papéis. Ambas estão erradas e são distorções grotescas, baseadas em interpretações rasas e extremistas. Recentemente foi postado no canal “Brasil Paralelo” uma matéria sobre Galileu, com grande número de erros; depois um doutorando em História da Ciência da UFMG tentou revisar alguns desses erros, mas cometeu vários outros erros, e um outro historiador chamado Marcelo também fez uma análise com vários erros. Embora todas essas matérias tragam algumas informações corretas, também apresentam muitas distorções. Em breve postarei um vídeo sobre esse assunto.

 

Babbage, num de seus artigos de 1830, fez duras críticas à politicagem que vinha se arrastando na Royal Society há séculos e, em resposta, foi lançado ao ostracismo.

 

Para se ter uma ideia da dimensão do boicote, naquela época geralmente as mulheres tinham suas invenções roubadas. Milhares de mulheres foram prejudicadas com isso, e no caso de Babbage o boicote contra ele foi tão grande que boa parte de suas ideias foram roubadas e creditadas à uma mulher!

 

Ada Lovelace foi uma talentosa matemática, mas o algoritmo para calcular os números de Bernoulli creditados a ela foi criado por Babbage. É importante esclarecer que Ada não teve culpa nessa história, ela não reivindicou a ideia para si, mesmo porque ela foi admiradora de Babbage. Simplesmente a comunidade acadêmica, os editores, os políticos, as mídias, creditaram a ela para não reconhecer nenhuma das contribuições de Babbage.

 

A mesma história se repete em diferentes épocas e diferes locais, com vastos grupos de canalhas incompetentes perseguindo e sabotando pequenos grupos de benfeitores da humanidade, produtores de conhecimento e expansores dos horizontes de nossa civilização.


Ironicamente, as novas gerações de corruptos incompetentes fingem se indignar com a perseguição dos gênios do passado, ao mesmo tempo em que promovem os mais sujos e inescrupulosos boicotes contra os gênios de sua própria época.

 

Atualmente pode-se encontrar muitos vídeos e artigos transbordando hipocrisia, nos quais os autores e youtubers criticam as injustiças contra Galileu, enquanto eles próprios fazem exatamente a mesma coisa contra os Galileus modernos.

 

A Royal Society daquela época era basicamente equivalente aos youtubers que se dizem divulgadores da Ciência, com a diferença que os membros da Royal Society eram muito mais instruídos e mais perspicazes que os youtubers, além de mais idôneos e mais bem-intencionados. Não estou dizendo que na Royal Society eram instruídos, perspicazes, idôneos ou bem-intencionados, mas em comparação aos youtubers, pode-se dizer que eram.

 

A maioria das pessoas não enxerga as sabotagens por inação. Acham que sabotar é apenas quando existe um papel ativo. Entretanto, a verdade é que a grande maioria das sabotagens se dá justamente por inação.

 

A não publicação das obras de Babbage e a não construção de suas máquinas, dando preferência à publicação de todo tipo de futilidade, mediocridade e inutilidade, desperdiçando recursos (supostamente destinados à Ciência) das mais variadas formas, esse é o tipo mais comum de sabotagem. E é o mais grave e mais perigoso, porque as pessoas não enxergam. É o que podemos chamar “sabotagem velada”.

 

Quando uma pessoa assume um confronto honesto com seu antagonista, produz-se uma situação na qual vence o melhor, uma disputa franca e transparente. Porém quando um dos lados foge ao combate e depois tenta envenenar o adversário, tem-se um dos exemplos mais repugnantes de conduta, que somente as pessoas mais perversas e degradadas são capazes de fazer. Lamentavelmente, esse é o perfil que se observa em grande número dos que se proclamam “divulgadores da ciência”, “educadores” e “cientistas”, que na verdade são criminosos da pior espécie, porque ao sabotar quem produz Ciência inovadora estão prejudicando toda a humanidade.

 

No caso de Newton, por exemplo, foi sabotado quando a Royal Society investiu seus recursos na publicação de um livro sobre peixes (“De Historia Piscium”), um livro sem qualquer relevância, meramente descritivo, em vez de publicar suas monumentais obras sobre Física, esgotando irresponsavelmente os recursos da instituição. Não fosse pelo heroísmo de Edmundo Halley, a obra de Newton teria se perdido, já que Newton ficou tão frustrado e ofendido que se recusou a voltar a publicar qualquer coisa, e só pela intervenção de Halley é que reconsiderou sua decisão e presenteou o mundo com suas brilhantes criações.

 

O Brasil enfrenta uma situação quase idêntica, porém pior. Praticamente não há produção científica no Brasil, e as escassas verbas que supostamente deveriam ser destinadas à Ciência e à Educação são “queimadas” com inutilidades, de forma irresponsável e incompetente. A comunidade acadêmica brasileira criou todo um folclore de falsos heróis, que nunca produziram algo relevante, mas têm suas pequenas realizações exageradas ao extremo, para fingir que fizeram algo grandioso, e disseminam notícias falsas nas mídias, que as retransmitem ao público, idolatrando esses “heróis de papel”, enquanto os verdadeiros heróis são sabotados e “cancelados”, construindo uma farsa na qual o país se atola e se afunda no esgoto.

 

Não há Educação no Brasil, há um vergonhoso processo de adestramento de ratos, que ganham um pouco de ração (notas) se memorizarem e repetirem as tarefas para as quais são designados. Não há Ciência no Brasil. As verbas para Ciência sustentam uma indústria vergonhosa e inútil de relatórios técnicos primários e impregnados de erros, sem qualquer brilho intelectual. A mídia e a comunidade acadêmica tentam mascarar essa situação, mas não há como ocultar a verdade que se impõe de forma devastadora e impiedosa, num país com 220 milhões de pessoas e 0 prêmios Nobel. Em vez de analisar objetivamente os erros e tentar corrigi-los, varrem esses erros para baixo do tapete e repetem sempre a mesma ladainha de que há falta de verba, quando o que falta é vergonha na cara.

 

A péssima alocação de verba destinada à Ciência e à Educação no Brasil é ridícula. Embora a verba seja pequena, se fosse otimamente administrada, em 15 anos o Brasil estaria no topo da produção científica mundial. Em vez disso, há mais de 100 anos a produção relativa do Brasil em comparação à do resto do mundo vem piorando. Tentam também mascarar isso de diferentes formas, para driblar as métricas da UNESCO, em vez de resolver de fato os problemas. Fingem que a situação não é tão grave, fingem que o câncer não existe, e como resultado o câncer vai se espalhando, com efeitos cada vez mais deletérios. Alguns youtubers que se dizem divulgadores científicos são cânceres para a Educação, para a Ciência, para a população e para o país, porque ao arruinar a Educação e a Ciência, se está derrubando os pilares que sustentam uma civilização.

 

Os políticos criam acordos ortográficos para transformar palavras erradas em “certas” e aumentar a taxa de aprovações, subindo no ranking da UNESCO, sem que os alunos estejam aprendendo mais ou melhor. Criam sistemas de aprovação automática, que é completamente bizarro, empurrando analfabetos para a faculdade e para o mercado de trabalho. Acadêmicos fazem acordos de citação mútua para subirem no h-index, sem que tenham produzido nada, e assim se vai maquiando e fraudando, até que a situação seja completamente insustentável e desmorone.

 

“Professores” não sabem nada da disciplina que tentam regurgitar. E para piorar, chegam na sala, sentam-se e mandam os alunos copiarem do livro ou da lousa, recebendo seus salários para sentarem suas bundas sujas durante a aula inteira, e ainda reclamam por seus salários, que são até altos demais pelo quase nada que fazem. Claro que não se pode generalizar e existem alguns professores respeitáveis, que mereciam receber muito mais, mas estes representam menos de 1%. O próprio sistema de “ensino” construiu essa situação e a mantém assim, aliás, vem piorando continuamente.

 

O simples fato de o professor avisar quando haverá prova é ridículo. Se o aluno aprendeu, ele aprendeu para a vida toda e não precisa ser avisado alguns dias antes, não precisa tentar decorar para fingir que aprendeu algo. Se ele realmente aprendeu, ele vai se sair bem sem precisar ser avisado que haverá prova. Obviamente o conteúdo exigido na prova também precisa ser compatível, exigindo compreensão, em vez de memorização mecânica. Todo o processo é idiotificante. Por isso muita coisa precisa ser mudada.

 

Alguns professores e alguns alunos percebem esse problema, mas estão de mãos atadas porque o “sistema” os obriga a manter esse padrão. E o pior é que só uma pequena fração dos professores e alunos enxergam o que está acontecendo. A grande maioria gosta desse teatro de horrores, porque é a maneira que encontraram de fingir competência e ganhar reputação sem merecer, outros nem sequer pensam, apenas seguem o rebanho.

 

O resultado dessa pantomima é a situação desastrosa de nossa economia, nossa indústria, nossa "ciência", nossa saúde e todos os setores de nosso país. Alguns cientistas competentes e sinceros que visitaram o Brasil expuseram essa imundice, mas a maioria deles é orientada para não falar a respeito. Quando Feynman e Einstein criticaram o Brasil, ambos foram recriminados por terem feito declarações sem a recomendada diplomacia, apontaram erros para os quais deveriam ter feito "vistas grossas".

 

Feynman e Einstein disseram apenas verdades tristes e indesejáveis verdades que precisavam ser recebidas como críticas construtivas, e as autoridades responsáveis deveriam tomar as providências para reverter esse quadro dramático, mas nada foi feito. Ou pior, foi feita muita coisa para piorar ainda mais a situação.

 

Einstein esteve no Brasil nos anos 1920, Feynman nos anos 1950. As críticas de Einstein foram "abafadas" e ocultadas. As de Feynman circularam discretamente, mas nada foi feito para consertar os problemas que ele apontou. Muitos desses problemas continuam crescendo, e incrivelmente as pessoas que mais conspiram para agravar essa situação são aplaudidas como heróis, por manadas de asnos.

 

Fingir que os problemas não existem os faz crescer e se alastrar. O primeiro passo deveria ser reconhecer esses problemas, ser sensato e receptivo às críticas e avaliar em que medida essas críticas são corretas e denunciam vulnerabilidades que exigem análise.

 

Os falsos divulgadores da ciência com maior número de seguidores são os mais corruptos e incompetentes, são cânceres que prejudicam toda a população. A simples disseminação de informações incorretas é ruim, mas pode ser tolerável em determinadas circunstãncias e dentro de certos limites. A falta de noções básicas de método científico e noções de epistemologia também é uma deficiênia preocupante, mas nos limites do tolerável. O grande problema não é esse. O que realmente faz desses falsos divulgadores um mal devastador é quando eles se unem para promover boicotes covardes contra quem realmente produz Ciência inovadora, de alto nível, com desdobramentos que poderiam beneficiar milhões de pessoas, e em vez de promover essas descobertas, eles as abafam simpesmente porque não gostam dos autores das descobertas, por inveja dos autores e outras picuinhas. Essa é podridão de caráter que faz desses falsos divulgadores um aglomerado de cânceres, que contaminam o país inteiro, sem que haja heróis empenhados na luta pela Justiça, pela Verdade e pela Excelência.

 

Assim, tudo caminha para mais um desfecho obscuro, no qual novamente os maus tendem a “vencer”, uma vitória ilusória, ruim inclusive para os próprios imbecis que prejudicam a nação, pois à medida que eles conspiram para afundar o país no qual eles próprios vivem, obviamente também são afetados pela maldade e degradação que eles promovem. A sabotagem que praticam contra a divulgação dos conteúdos que primam pela excelência, e a promoção criminosa que eles fazem da mentira de da superficialidade, volta-se contra eles próprios, porque fazem crescer em torno de si a mediocridade e a imbecilidade, formando no país uma sub-ciência, uma sub-educação, uma sub-indústria de um sub-país que eles constroem para si mesmos e para os asininos que os segue e os apoia. Nesse cenário estupidificado que eles constróem, quando a pessoa vai ao médico na expectativa de receber um diagnóstico correto e um tratamento eficaz, tem alta probabilidade de deparar com um profissional subqualificado, fruto do sistema educacional corrompido que eles ajudaram a construir, com risco de que o médico piore sua condição, em vez de ajudar. Quando a pessoa compra um alimento, tem maior risco de contaminação e de violação de normas de segurança, devido à corrupção generalizada que eles ajudaram a se instaurar. E em tudo que acontece ao redor, os eventos são piores do que deveriam, devido à promoção da mediocridade e incompetência, e à sabotagem da excelência, que eles construíram para si mesmos e para todos que compartilham o mesmo país.

 

Um país que preferem apoiar e exaltar a mediocridade, ao mesmo tempo em que sabota a excelência, obviamente colocará a todos como reféns numa situação de incompetência generalizada. Uma punição justa para a escória que construiu essa situação, mas infelizmente aqueles que são contra isso, acabam sendo forçados a compartilhar os mesmos resultados deploráveis, porque vivem no mesmo país, logo sofrem as mesmas consequências dos erros praticados por outros. Nesse caso, a punição é apenas parcialmente justa, porque embora não tenham sido os autores ativos da catástrofe, eles assistiram às ações criminosas dos canalhas, sem fazer nada para impedir, sem fazer nada para reverter a situação.

 

Nesse Natal, portanto, a mensagem a ser transmitida não é de “Amor e Esperança”, mas sim um choque de realidade. Um choque necessário para fazer as pessoas acordarem e se mobilizarem para construir um mundo melhor e um país melhor, não apenas esperar que outros construam, mas elas próprias compreenderem a importância de que se não fizerem sua parte, o mal continuará vencendo.

 

O mal não é apenas o assassinato, o sequestro, o estupro. O mal também está na ignorância, na mentira, na incompetência, na corrupção, na desinformação e na sabotagem da informação.

 

O número de pessoas que morre por incompetência e por falta de ética é muito maior do que o que número que morre por assassinato.


Em 2022 houve 41.000 assassinatos no Brasil e houve 392.000 mortes por acidentes de trânsito, das quais 11.000 por embriaguez comprovada e 58.000 por suspeita de embriaguez. Os demais acidentes de trânsito foram por imperícia ou imprudência ou negligência. Isso sem contar as diversas outras formas de homicídios causados por incompetência e corrupção que são difíceis de computar, totalizando mais de 8 milhões. Portanto 200 vezes mais mortes por incompetência e corrupção do que por criminalidade explícita.

 

O que cada um de nós pode fazer diante a esse quadro alarmante?

 

Há muita coisa que todos podem e devem fazer. Durante anos fiz distribuições de cobertores a moradores de rua no inverno, chocolates e brinquedos a crianças em orfanatos e hospitais pediátricos, diferentes formas de auxílio a animais feridos e pessoas em condições vulneráveis e/ou expostas a algum tipo de injustiça, diversas ações envolvendo distribuição de alimentos, agasalhos e doações a diferentes projetos. Mas as contribuições mais importantes foram de longe os mais de 1700 artigos educacionais, que se fossem reunidos e organizados totalizariam facilmente mais de 200 livros, com os melhores conteúdos científicos, filosóficos e educativos em língua portuguesa.


(fragmento da entrevista para o "International High-IQ Forum 2022". Veja também)

 

A Tamara esteve envolvida em vários trabalhos ecológicos e filantrópicos, alguns dos quais fizemos juntos, a mãe da Tamara adotou um menino cuja mãe faleceu e não tinha com quem ficar, o garoto tinha notas ruins e se sentia inseguro, a Tamara criou um método de ensino intensivo e personalizado e o transformou numa criança radiante, confiante e entusiasmada, que atualmente é o melhor aluno da escola. A Tamara curou minha rinite e minha gastrite, ela tem coordenado e editado meus livros e vídeos, criou e administra o site do Saturno V, no qual são disponibilizados os melhores conteúdos educacionais sobre investimentos, praticamente os únicos conteúdos com transparência e exatidão nas informações. Ela também criou e administra os sites da Sigma Society e da Immortal Society, criou a ideia da coleção “Guia dos apodícticos”, criou a nova sessão Oráculo e muito mais, disseminando não apenas conhecimento de padrão sem igual, mas acima disso estimulando as pessoas a pensar criticamente, analisar e compreender como o mundo funciona.

 

Analisando somente uma pequena parte dessas numerosas contribuições, como o Melao Index ou o IMCH, já produzimos benefícios cujo alcance supera muitos milhões de pessoas, mas estas pessoas só podem desfrutar tais benefícios se tomarem conhecimento desses conteúdos. Como a comunidade acadêmica, a mídia, a política e até mesmo os hipócritas que se dizem divulgadores da Ciência não cumprem as funções que lhes cabe, tornam-se necessárias duas ações:

  1. Denunciar a conduta dessas pessoas e instituições;

  2. Agir em defesa do bem comum.

 

Vários amigos têm contribuído de diferentes maneiras para levar esse conhecimento ao maior número possível de pessoas, mas é ainda uma atuação tímida e de pouco alcance. As pessoas lutam bravamente por causas vazias ou nebulosas, mas não têm coragem de agir nas causas mais nobres e importantes. As pessoas lutavam 15h por dia para tentar reeleger Bolsonaro, mas dedicam menos de 15h por semana a uma causa muito maior e mais justa. A escala de valores das pessoas é distorcida e o resultado é o que se tem observado.

 

Vencer essa guerra contra a ignorância, onde há muitos ignorantes para cada pessoa sensata, não é simples nem fácil, mas é perfeitamente possível se cada um cumprir sua missão com bravura, com honra e com determinação.

 

Na batalha das Termópilas, retratada no excelente filme “300 de Esparta”, apenas 300 guerreiros gregos enfrentaram 2.600.000 persas, de acordo com Heródoto. Alguns historiadores contestam esses números, mas todos concordam que a diferença numérica era brutal. Apesar disso, os gregos venceram, porque embora estivessem em menor número, eram muito superiores em diferentes aspectos intelectuais e físicos, e todos lutaram com fervor em defesa de uma causa edificante e valorosa, que era atrasar a chegada dos persas até que os exércitos gregos pudessem retornar para defender a nação, evitando que os persas escravizassem as mulheres e crianças e exterminassem seus anciãos.

 

Se você concorda com a proposta central desse texto, compartilhe em suas redes sociais, com seus amigos e conhecidos.


Saiba mais sobre o autor: Hindemburg Melão Jr. e veja nossa mensagem de Natal de 2022.


SOBRE O AUTOR:

Hindemburg Melão Jr. foi protagonista em reportagem no Fantástico, da rede Globo, por ter o maior QI do Brasil (2005), é recordista mundial em Xadrez às cegas registrado no Guinness Book 98, foi representante da América Latina no Intercontinental High-IQ Forum 2022, autor de mais de 1700 artigos, inclusive dezenas de inovações em diferentes campos do conhecimento, inclusive aprimoramentos nos trabalhos de 6 ganhadores de prêmios Nobel e soluções para problemas científicos e matemáticos que estavam em aberto há décadas e a há séculos.

Sobre o autor (biografia, entrevistas, livros, vídeos, artigos): https://www.sigmasociety.net/hm

Livros: https://www.amazon.com.br/gp/product/B0CFWGCHN5

Sigma Society: https://www.sigmasociety.net

Immortal Society: https://www.sigmasociety.net/homeimmortal

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