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10 de dezembro de 2015

A CARROÇA E A FERRARI

por Hindemburg Melão Jr.

É mais fácil compreender como funciona uma carroça do que como funciona um automóvel. E uma carroça é muito mais barata. Porém as pessoas geralmente preferem um carro. Isso porque elas sabem que o carro tem performance superior, mais conforto, mais segurança, além de outras vantagens. Mas na hora de escolher um investimento não é tão simples, e na grande maioria das vezes os investidores preferem a carroça. O resultado verificado no desempenho de um carro, num test drive de poucos minutos, geralmente é suficiente para se ter uma boa noção de como será o desempenho desse carro nos próximos anos. Se um carro faz de 0-100 km/h em 2,4 segundos hoje, fará isso amanhã e depois e depois. Um outro carro que faz de 0-100 km/h em 15 segundos não conseguirá, por sorte, fazer em 2,4 segundos no dia seguinte. Podem variar ligeiramente, o primeiro pode chegar a 2,35 s ou 2,45 s, devido à variação do atrito em função da temperatura e umidade dos pneus, das condições da pista, das engrenagens envolvidas, viscosidade do ar, peso do motorista, mas mesmo somando os efeitos de todos estes fatores, a variação no desempenho não chegará a 10% para mais ou para menos do que foi medido no test drive. Poderia chegar a 10% se estivesse com algum defeito, ou numa pista inclinada, ou esburacada, ou alguma anomalia. Mas se preservar as mesmas condições, terá desempenho quase igual: o carro que faz 0-100 km/h em 2,4 s se manterá sempre perto dessa marca, assim como o outro que faz 0-100 km/h em 15 s também se manterá perto de sua marca. Esta baixa variabilidade permite avaliar facilmente qual veículo apresenta melhor performance e decidir, com base no preço e outras características. Isso torna a escolha de um carro relativamente fácil, possibilitando a realização de testes simples e rápidos, capazes de proporcionar dados suficientes para avaliar a qualidade do veículo, mesmo que a pessoa não tenha profundos conhecimentos de mecânica, ou até mesmo para pessoas leigas. Mas nos investimentos não é assim. Para simplificar o argumento, vamos supor que cada operação lucrativa gera mesmo rendimento que teria sido perdido em cada operação negativa, assim uma estratégia com 50% de acertos ficaria com ganhos = perdas, ou seja, 0 de lucro, perdendo apenas as taxas e spreads. Uma estratégia excepcional, capaz de modelar o Mercado de modo a ter 20% de acertos efetivos, terá 50% de probabilidade de acerto por sorte nos cenários que ela não é capaz de modelar, e cerca de 100% de acerto nos cenários que ela consegue modelar, totalizando 20% + (0,5 x 80%) = 20% + 40% = 60%. A diferença probabilística entre uma estratégia excepcional e uma estratégia ineficiente é pequena: 60% contra 50%. Isso significa que para uma quantidade pequena de eventos, num curto intervalo de tempo, existe a possibilidade de que a estratégia ruim gere resultados melhores do que a estratégia excepcional, dificultando que se tome a decisão correta. Porém à medida que se vai acumulando mais resultados, ao longo de períodos progressivamente mais extensos, a supremacia da estratégia excepcional vai se impondo de forma cada vez mais nítida. A correlação entre os balanços e as cotações dos instrumentos negociados também é muito importante para reconhecer uma estratégia eficiente. Se o balanço apenas acompanhar o índice, não existe nenhum mérito nisso. É necessário que o balanço seja crescente com o índice crescente, seja crescente com o índice caindo, e seja crescente com o índice lateral. Isso deve produzir uma correlação perto de 0. Há fundos que se gabam de uma correlação negativa. Isso é péssimo, porque se Buy & Hold gera lucros a longo prazo, algo que se correlacione negativamente com o índice gera prejuízos a longo prazo. Ter forte correlação positiva não é bom, porque indica um crescimento fortemente dependente do índice, mas ter forte correlação negativa é muito pior, porque também indica dependência do índice e precisa que o índice caia, o que é menos frequente do que subir. Portanto ter correlação negativa com o índice é pior do que ter positiva. O ideal é ter correlação perto de zero. Pode ser negativamente correlacionado, desde que fracamente. Ou num período em que o índice esteja caindo, então sim é vantajoso, nesse intervalo cai, ter correlação negativa com o índice. Mas a longo prazo (décadas) o ideal é ter correlação fraca. No caso do Saturno V, por exemplo, entre junho de 1995 e julho de 1996 (em algumas configurações, se prolonga até agosto de 1997), surgem vários cenários nos quais o ritmo de adaptabilidade do Saturno é incompatível, e acaba sofrendo perdas que duram 2 anos. Outros momentos ruins ocorrem entre dezembro de 1986 e janeiro de 1988, abril de 2013 e março de 2014. Analisar os resultados do Saturno em períodos como estes pode levar a conclusões incorretas. Mas quando se considera entre 1986 e 2015, percebe-se que aquele pequeno trecho representa uma fase ruim para uma estratégia excepcional. ​


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Apesar dos constantes aprimoramentos, é impossível eliminar por completo os períodos negativos. Os esforços se concentram em minimizar a frequência com que estes períodos ocorrem, reduzir a duração destes períodos e reduzir a profundidade dos piores drawdown. Além disso, simultaneamente temos o objetivo de maximizar os ganhos, tanto em termos percentuais quanto em frequência de períodos positivos e duração destes períodos. Enfrentamos uma fase ruim entre abril de 2013 e março de 2014, depois novamente entre 15/6/2015 e 4/12/2015. Agora tudo indica que estamos iniciando mais uma fase excepcionalmente boa. Agradecemos aos que se mantiveram firmes nos momentos de perdas e agora já estão novamente positivos, especialmente ao amigo Leandro Nazzari, que além de se manter firme, teve a gentileza de escrever um artigo (Yin-Yang) sobre o assunto para ajudar outros investidores a manter a decisão correta. (Update 21/08/2018: para saber o lucro atualizado de Leandro Nazzari, veja nossa seção de depoimentos) Os que têm experiência com Bovespa, com mais de 8 anos de quedas persistentes, estão habituados com isso. Mas alguns dos clientes do Saturno, habituados a grandes lucros e raramente ter mais que 6 meses ruins consecutivos, quando ocorre uma breve época desfavorável, algumas vezes já sentem o contraste em comparação aos melhores momentos, porque uma das grandes desvantagens de um sistema excepcional é que quando ele fica apenas excelente, alguns já começam a reclamar...

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